sábado, 17 de julho de 2010

Ping Pong

Eram duas horas quando João percebeu que sua mãe estava vindo. Naquele momento, quis pular da janela. Mas Maia entrou salão adentro gritando, pois gostava de João. Jamais quis acordar sem tê-lo. Garoa, era mais velha do que uma bruxa. Bigorna. Era tudo menos linda. As curvas de sua filha, feia, piranha, cuja malícia não contribuía em nada. Católica, Maia não pode permitir que fosse concebível traição. Era mãe demais.
Assim foi impedir a morte daquele jovem. Eu gritei. Mas ouvi outro grito além das paredes e pude determinar a merda que fizera. Acordei puto. Onde estão os ladrões? Bastardos. Malditos, poderiam matar três bodes ao acordar. Aqueles cruzeiros me fariam muito bem. Um belo dia, chutei a cara de um torto. Bêbado, quis cuspir. Maia! Que entrou pela janela separando os brigões. Num átimo de reflexo, driblei Maia e derrubei João. Falei: venham! Roubei três bodes. Acordei. Rico.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

CURIOSIDADE SOCIOLÓGICA

Eu entro. Eu só entro quando a porta está aberta. Escolho e entro. A porta não estava assim tããão aberta, mas quando um clip de papel consegue abrir, é porque já estava aberta. Acho também que entrar de fininho numa casa que tem, 5 DVDs, 5 TVs de plasma, alguns tapetes de preço exorbitante e um sem número de relíquias de guerra, é pura curiosidade sociológica. O que me fode é (depois da quinta vez que meu queixo caiu) o que fazer depois que eu entrei. Sozinho numa casa incrível eu posso: dar uma festa, quebrar tudo, roubar (mas dá cadeia), mudar tudo de lugar, preparar um drink. São tantas coisas que segundo a história dos 3 ursos eu ajo que nem gato escaldado, relaxo e curto alguns momentos comigo mesmo. Aperto um baseado e me preparo um drink. White Russian: leite, licor de café, vodka e gelo. Huum, que cinzeirinho lindo! Tiro os sapatos e fico andando pela casa com a bebida numa mão e o beck na outra. Alternando entre pisar no chão frio e nos tapetes quentinhos chego a uma grande sala que me parece um escritório. A porta é grande de carvalho maciço, assim como a grande mesa que fica no fundo da sala. Pego um cinzeiro e repouso o meu cigarro nele. Nossa quanta placa, plaquinha, troféu, porra! O cara é só tenis. E o diploma? Nessa moldura ai, não sei não ein? Tilééc, Tiléc, Blaaaaam! Fudeu a porta! AAAAAAH, corre, vira um abajur de lantejoulas, não um javali empalhado, sei lá qualquer objeto de decoração, tarde demais.

Dona da casa: Quem é você?

Eu: Eu sou seu anjo da guarda. Gabriel Nataniel, as ordens. Me desculpe pelo susto, mas desci atrasado do céu e me esqueci de ver na listagem dos meus protegidos o seu nome. Pode por gentileza me dizer a sua graça?

Dona da Casa: Marita, mu mu muito prazer.

Eu: Então Marita, é marita né? Deus, nosso Deus, Dede, pros mais intimos, me disse: vai lá Gabi, dá um help pra Marita! Ela ta precisando de uma ajuda um auxílio celestial. Olha que eu sou uma raridade, sou um anjo macho!

Dona da Casa: Anjo e alcoólatra! (tira com violência o copo da minha mão). Olha eu sou atéia! Saia já da minha casa senão eu chamo a polícia! Mas que cheiro de maconha!

Eu: Bom então tá né? Já vi que você tá bem, não precisa de mim… Faz só um favor pra mim? Dá pra você pressionar o seu dedão da mão direita aqui bem no meio da minha língua? É só pra Deus (pela sua impressão digital) saber que eu realmente estive aqui (coloco meio palmo de língua pra fora, ela com cara de nojo pressiona o dedão na minha língua). Tá tudo certo agora, não se preocupe já fui descrente também.
Pego meus tenis o baseado e saio porta a fora

Valha-me Deus e nossa senhora de Nazaré, anjo ou não escapei por pouco dessa enrascada. Meu anjo da guarda por favor me proteja das portas abertas e dos clipes de papel.