quinta-feira, 8 de julho de 2010

CURIOSIDADE SOCIOLÓGICA

Eu entro. Eu só entro quando a porta está aberta. Escolho e entro. A porta não estava assim tããão aberta, mas quando um clip de papel consegue abrir, é porque já estava aberta. Acho também que entrar de fininho numa casa que tem, 5 DVDs, 5 TVs de plasma, alguns tapetes de preço exorbitante e um sem número de relíquias de guerra, é pura curiosidade sociológica. O que me fode é (depois da quinta vez que meu queixo caiu) o que fazer depois que eu entrei. Sozinho numa casa incrível eu posso: dar uma festa, quebrar tudo, roubar (mas dá cadeia), mudar tudo de lugar, preparar um drink. São tantas coisas que segundo a história dos 3 ursos eu ajo que nem gato escaldado, relaxo e curto alguns momentos comigo mesmo. Aperto um baseado e me preparo um drink. White Russian: leite, licor de café, vodka e gelo. Huum, que cinzeirinho lindo! Tiro os sapatos e fico andando pela casa com a bebida numa mão e o beck na outra. Alternando entre pisar no chão frio e nos tapetes quentinhos chego a uma grande sala que me parece um escritório. A porta é grande de carvalho maciço, assim como a grande mesa que fica no fundo da sala. Pego um cinzeiro e repouso o meu cigarro nele. Nossa quanta placa, plaquinha, troféu, porra! O cara é só tenis. E o diploma? Nessa moldura ai, não sei não ein? Tilééc, Tiléc, Blaaaaam! Fudeu a porta! AAAAAAH, corre, vira um abajur de lantejoulas, não um javali empalhado, sei lá qualquer objeto de decoração, tarde demais.

Dona da casa: Quem é você?

Eu: Eu sou seu anjo da guarda. Gabriel Nataniel, as ordens. Me desculpe pelo susto, mas desci atrasado do céu e me esqueci de ver na listagem dos meus protegidos o seu nome. Pode por gentileza me dizer a sua graça?

Dona da Casa: Marita, mu mu muito prazer.

Eu: Então Marita, é marita né? Deus, nosso Deus, Dede, pros mais intimos, me disse: vai lá Gabi, dá um help pra Marita! Ela ta precisando de uma ajuda um auxílio celestial. Olha que eu sou uma raridade, sou um anjo macho!

Dona da Casa: Anjo e alcoólatra! (tira com violência o copo da minha mão). Olha eu sou atéia! Saia já da minha casa senão eu chamo a polícia! Mas que cheiro de maconha!

Eu: Bom então tá né? Já vi que você tá bem, não precisa de mim… Faz só um favor pra mim? Dá pra você pressionar o seu dedão da mão direita aqui bem no meio da minha língua? É só pra Deus (pela sua impressão digital) saber que eu realmente estive aqui (coloco meio palmo de língua pra fora, ela com cara de nojo pressiona o dedão na minha língua). Tá tudo certo agora, não se preocupe já fui descrente também.
Pego meus tenis o baseado e saio porta a fora

Valha-me Deus e nossa senhora de Nazaré, anjo ou não escapei por pouco dessa enrascada. Meu anjo da guarda por favor me proteja das portas abertas e dos clipes de papel.

2 comentários:

  1. rá, gostei

    você escreve muito bem na primeira pessoa, dá pra ver o personagem

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  2. A partir de agora só falo Dede

    Muito bom o blog

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